sábado, 11 de junho de 2011

Moçambique: Vendem-se mortos e vivos .

Cristiana Pereira

http://www.africa21digital.com/noticia.kmf?cod=11803100&canal=801


Apesar de abolida em 1836, a escravatura persiste nas sociedades contemporâneas sob formas cruéis de exploração. Hoje chamam-lhe tráfico de pessoas e é um lucrativo negócio que movimenta anualmente até 32 mil milhões (bilhões) de dólares - o mais rentável a seguir à droga e às armas.
Fronteira de Ressano Garcia, 13 horas e 37 minutos. Um sorriso expectante ilumina-lhe o rosto inocente. De bebé às costas, a jovem mãe mira ansiosamente o buraco rompido na vedação de arame farpado. Do lado de lá reside a miragem sul-africana, o topo da pirâmide invertida que compõe a geografia do continente mais pobre do mundo. Ao lado dela, o oportunista a quem apelidam de «mareyane» varre as redondezas com o olhar, procurando sinais de patrulha. Do outro lado é melhor?, perguntamos.
Sem hesitação, ela acena que sim. Não lhe incomodam as perguntas nem a proximidade da lente fotográfica. O facilitador explica que recebeu 200 randes (cerca de 30 dólares) pelo serviço de travessia. Domingo, acrescenta ele, é o melhor dia; há muitos a querer atravessar. Logo a conversa é interrompida, cada minuto vale. Momentos depois, desaparecem do lado de lá da fronteira. Nem mãe nem filho adivinham o destino que lhes reserva a terra dos «joni».
A África do Sul é a maior economia de África, tendo integrado em dezembro do ano passado o cobiçado lote dos BRIC, que aglomera os gigantes demográficos do Brasil, Rússia, Índia e China. Segundo projeções do Fundo Monetário Internacional, prevê-se que até 2014 o bloco dos mercados emergentes represente 61% da economia global. Com quase 50 milhões de habitantes (mais do dobro da população de Moçambique), o mais recente parceiro no grupo é a 26.ª economia do mundo, com um Produto Interno Bruto de 527,5 mil milhões de dólares - mais de 50 vezes o de Moçambique. O rendimento per capita ultrapassa os 2500 dólares, comparado com 370 em Moçambique. Do lado de cá, mais de metade da população vive abaixo do limiar da pobreza e a esperança de vida ronda os 40 anos de idade.
Este retrato macroeconómico ajuda a compreender o magnetismo da África do Sul para os fluxos migratórios, legais ou ilegais, voluntários ou forçados, no continente africano. Estima-se que a cada dez minutos entre um clandestino no país. Ao todo, serão cerca de cinco milhões de ilegais, o equivalente a 1% da população.
Leia na íntegra a reportagem de Cristiana Pereira, na edição de abril da África21

http://www.casadasafricas.org.br/noticias/01/1095
Acesso: 11/06/2011

Postado por Marta Aparecida da Silva Teixeira

Um comentário:

  1. A injustiça sempre é a maioria quando se trata desse continente, infelizmente as pessoas não conseguem viver em paz no seu próprio país, muita boa a matéria.

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